O cerco do Congresso, dos tribunais superiores, de diplomatas, médicos, enfermeiros, ambientalistas, economistas, advogados, banqueiros e grandes empresários gerou um grito uníssono em Brasília: Basta! Basta de desgoverno, basta de delírios ideológicos e ameaças golpistas, basta de afundar o Brasil no cenário internacional. Há uma exaustão.
Nada, porém, foi mais estridente do que a demissão do ministro da Defesa, general de quatro-estrelas, da reserva, que confirmou a crescente insatisfação das Forças Armadas com o governo e com o próprio capitão insubordinado Jair Bolsonaro. Nem os militares aguentam mais.
Ordem, progresso, disciplina e hierarquia, sim, sempre. Mas Azevedo e Silva não segue a cartilha da submissão, da humilhação, da continência incondicional do general Eduardo Pazuello: “um manda, outro obedece”. Para o agora ex-ministro, a lealdade das Forças Armadas não é com o governo de plantão, muito menos com um governo errático e de viés autoritário. É com o Brasil.
Demorou, mas Azevedo e Silva cansou e ele não está sozinho ao negar ao presidente um alinhamento automático que engula os brios e os princípios das Forças Armadas para participar de qualquer tipo de ameaça ao País. Além de agir em acordo com o comandante Edson Pujol e o Alto Comando do Exército, o general teve apoio durante todo esse tempo também das duas outras Forças.
Na Marinha e na Aeronáutica concentram-se a insatisfação com a falta de compostura do presidente e a indignação com as menções recorrentes às Forças Armadas para ameaças e chantagens políticas. Mas, enquanto elas exibiam independência e distância, o Exército foi sendo sugado para o centro da política. Isso tem bônus: cargos, soldos, privilégios no Orçamento e nas reformas e a falsa sensação de poder. Mas o ônus não compensa: a perda de imagem, o uso da sua marca com intenções espúrias.